sábado, 27 de julho de 2013

Contradança com a loucura: Só Um Pouco A.Normal





"Existem momentos na vida onde a questão de saber se pode pensar diferentemente do que se pensa, e perceber diferentemente do que se vê, é indispensável para continuar a olhar ou a refletir." - Michel Foucault

Uma poesia coreografada sobre a linha tênue entre o que é padronizado como loucura e normalidade! O Grupo de Dança Primeiro Ato em sua estreia com a apresentação de Só Um Pouco A.Normal possibilitou uma breve, singela e educada reflexão sobre o processo enlouquecer, se é que há um processo. Acredita-se que temos certa dose de loucura, mas ao contrário do que muitos pensam talvez a sanidade mental seja apenas uma pequena característica dominante de nosso caráter. 

A coreografia e concepção de Wagner Moreira nos faz considerar o que é continuamente discutido nas literaturas sobre saúde mental: o sistema nos cobra a sanidade mental com suas regras, leis e condutas, mas nos comprime à ‘anormalidade’ de forma feroz através de suas contradições. Questões peculiares são colocadas em pauta: Ser ‘normal’ é atender a todo estereótipo imposto pela sociedade? É estar constantemente preocupado com o complexo ‘tenho que ser’? Ser um diferente padronizado? O que é loucura? Como diagnosticá-la? Como ter certeza de que os que na verdade estão gozando de sua plena sanidade mental são os que consideramos loucos?


Foto: Hoje, amanhã e domingo o Grupo de Dança Primeiro Ato estreia em Barbacena o novo espetáculo » Só um pouco a.normal « 

Em Só um pouco a.normal o coreógrafo Wagner Moreira investiga padrões de comportamentos considerados normais ou anormais. Um espetáculo contundente, que une a música de J.S.Bach às memórias de um artista nascido e criado em Barbacena. Mais que um relato histórico, um espetáculo que investiga e celebra diferenças.

O novo espetáculo é resultado do projeto Tecendo Encontros, que proporcionou um encontro entre o Grupo de Dança Primeiro Ato e o coreógrafo Wagner Moreira.

» Concepção e coreografia Wagner Moreira
» Direção artística Suely Machado
» Música J. S. Bach

Os ingressos para todas as apresentações em Barbacena estão esgotados. Estamos muito felizes em saber que teremos casa cheia nestas noites tão especiais.

Só um pouco a.normal já tem data marcada para estreia em BH/Nova Lima. A apresentação será na abertura do Projeto Tecendo Encontros, dias 23 e 24 de agosto no EACC, nosso espaço no Jardim Canadá. 

Anota na agenda! Em breve publicaremos mais informações.

Mais informações: 
producao@primeiroato.com.br
www.primeiroato.com.br/agendagrupodedanca/
Fotografia: Marcello Nicolato

A pesquisa para a realização desse espetáculo não poderia ter outro plano de fundo que a história curiosa da loucura em Barbacena. Provavelmente, os pacientes psiquiátricos dessa cidade ao assistirem esse trabalho se sentiriam como sendo refletidos em espelhos. Nestes espelhos, se enxergariam em corpos artísticos, criativos, disciplinados, ‘anormais’. Seus pseudônimos seriam Lucas Resende, Pablo Ramon, Verbena Cartaxo e Vanessa Liga. Sem dúvida, esses nomes não serão esquecidos, pois um ballet inenarrável como o deles não pode se perder nas gavetas de nossas memórias. A harmonia musical de J.S Bach nos leva ao ápice da emoção. Que Suely Machado continue ‘tecendo encontros’ como o que presenciamos neste espetáculo! Não se pode esquecer que o sucesso desse brilhante espetáculo se deve a toda Ficha Técnica do Grupo Primeiro Ato e parceria com o Grupo Ponto de Partida.

Edson Brandão está certo, se a loucura é como realmente pintamos talvez sejamos ‘o outro lado da moeda’. A loucura é realmente paradoxal. Como diferenciar um louco, se este ‘estado’ é confuso e muitas vezes imperceptível aos olhos humanos? O louco da história pode ser você que lê este texto, ou a plateia que assistiu ao espetáculo do Grupo Primeiro Ato.  Louco é sempre aquele que faria o que não temos coragem de realizar, ou não queremos, não gostamos. É como disse Foucault, ‘a loucura só existe em relação à razão’. E como será que um louco define razão? Provavelmente viver num ‘mundo paralelo’ seja a melhor saída!

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